Falta Profissionalização - mais atenção ao cliente e treinamento aos vendedores!

O varejo de moda evoluiu com o tempo no Brasil, mas ainda peca pelo atendimento pouco especializado.
por Vanessa Barone

Quem vai a uma concessionária em busca de um carro novo costuma ouvir do vendedor muito mais do que o óbvio. Para além daquilo que se pode constatar com os olhos – cor, número de portas e modelo –, é possível saber detalhes como rendimento do motor, tipo de freio, características do sistema de amortecimento e desempenho em vários tipos de terreno.

Para poder informar tudo isso, vendedores de carros são treinados e – mais do que isso – obrigados a conhecer a fundo aquilo que comercializam. No varejo de artigos eletrônicos a situação é parecida: os comerciantes são capazes de passar especificações que auxiliam o consumidor no momento da compra. Devem ser especialistas no assunto, uma vez que o consumidor, na maioria das vezes, não é.

Mas encontrar vendedores bem preparados no varejo de moda, pelo menos no Brasil, é um artigo mais raro. Bem comum, no entanto, é achar profissionais jovens demais, quase entediados e pouco dispostos a escutar e aconselhar. O problema tem pelo menos duas razões: o pouco investimento da indústria de moda em treinamento e a informalidade que ainda impera.

Os empresários do setor costumam argumentar que há treinamento, mas que a rotatividade no comércio de vestuário é tamanha que não é possível cobrir toda a equipe de profissionais. Ser vendedor, dizem, é muitas vezes um bico para estudantes ou pessoas que almejam outras carreiras. A justificativa é boa, mas não traz alento.


A outra explicação vem do fato de boa parte do comércio de roupas, no Brasil, ter raízes na atividade informal dos mascates e pequenas lojinhas familiares. Obviamente, houve profissionalização, mas não em nível suficiente para cobrir a imensa atividade varejista de moda brasileira. Mas para grifes que pretendem, um dia, fazer sucesso no Exterior, investir em seus profissionais é uma questão urgente. E o que resta ao consumidor? Comprar o que está na vitrine. De acordo com a pesquisa O Comportamento de Compra do Consumidor de Vestuário, feita pelo Instituto de Marketing Industrial (Iemi), 85% das vendas do comércio de roupa é motivada por produtos expostos na vitrine. Ou seja, o vendedor em si tem pouca participação na decisão do consumidor. É isso ou arriscar-se a ouvir bobagens do tipo: “Essa camisa é cara porque é de cetim.” Mas cetim de quê? Sim, porque o cetim não é um tecido, deveria saber o vendedor. Cetim é uma construção: é o jeito com que os fios são agrupados na máquina de tecer que dá aquele efeito “acetinado”.


Além desta, as outras duas construções básicas da tecelagem são a sarja e o tafetá. E quanto às fibras? Experimente perguntar de que fibra é feita determinada peça. Você provavelmente vai ficar sem resposta. Na indústria têxtil, é possível encontrar fibras naturais, artificiais ou sintéticas. As fibras naturais vêm da natureza. Simples assim.


Entre elas estão a lã, o linho, o algodão e a seda. As artificiais são obtidas de elementos naturais, como celulose extraída da madeira ou borracha. Mas não vêm prontas, precisam ser industrializadas. São elas: viscose, acetato, liocel e modal. Já as sintéticas são aquelas obtidas inteiramente da indústria petroquímica. Elas costumam ser as fibras mais baratas, portanto são muito utilizadas, caso de elastano, poliéster, acrílico e poliamida.

Fonte: http://www.istoedinheiro.com.br/artigos/20619_FALTA+PROFISSIONALIZACAO