Antonio Haslauer por Vanessa Barone
Revista istoé Dinheiro faz 10 perguntas a Antonio Haslauer.
Com clientes do calibre de Starwoods Hotel, Vogue USA, Dolce&Gabbana, Valentino, Estée Lauder, Brioni e Waldorf Astoria Hotel, a agência de branding nova-iorquina AR NY prepara-se para entrar no mercado brasileiro .
A especialidade da empresa é trabalhar com a “verdade da marca”, ou seja, com a busca da essência de uma grife para valorizá-la aos olhos do consumidor. Entre os sócios da empresa está o brasileiro Antonio Haslauer, que por dez anos foi CEO internacional da grife de moda Forum. Ele falou com exclusividade à DINHEIRO.
DINHEIRO – Como definir o trabalho da AR NY?
HASLAUER – Nossa prioridade é encontrar a “verdade” da marca. Acredito que cada uma possui uma identidade única e que, uma vez revelada, se integra às aspirações do consumidor. Nosso trabalho consiste em trazer a essência à tona.
DINHEIRO – Para que as empresas procuram vocês?
HASLAUER – Os motivos comuns são: construir uma marca, conectá-la aos consumidores e gerar vendas. A reinterpretação de uma grife e a análise aprofundada de sua história revigoram a empresa. Isso permite aos nossos clientes se projetar de uma forma aspiracional, o que se traduz em bons negócios.
DINHEIRO – É possível transformar uma grife comum em premium?
HASLAUER – Certamente, mas é essencial que haja um comprometimento corporativo. Esse reposicionamento deve se manifestar em uma série de fatores que vão desde o produto, passando pelo ponto de venda. O trabalho de branding só funciona e marcas premium só emergem quando há consistência no conjunto de componentes. É essa coerência no cumprimento das promessas que cria uma percepção elevada na mente dos consumidores.
DINHEIRO – Com o estouro da crise, vocês tiveram aumento de clientes?
HASLAUER – Sim. Períodos de crise exigem um foco claro e maior ênfase no que é a essência, a verdadeira vocação de uma empresa. Crise também significa oportunidade, o que levou empresas a se reposicionar, otimizar operações, identificar prioridades e focar em suas grifes.
"Períodos de crise exigem o foco na essência de uma empresa"
"Períodos de crise exigem o foco na essência de uma empresa"
DINHEIRO – Como as grifes de luxo enfrentaram a crise?
HASLAUER – Foi crucial manter clareza durante a crise e permanecer fiel à promessa diante de um consumidor ainda mais exigente. Isso incentivou muitas marcas de luxo a reexaminar seus legados históricos e identificar elementos contemporâneos.
DINHEIRO – Elas chegaram a repensar seu posicionamento no mercado?
HASLAUER – O que houve foi uma mudança na forma de se comunicar com o consumidor. As grifes de luxo tiveram de se adequar a um novo consumidor que é participante ativo e interlocutor no diálogo da marca com o mercado.
DINHEIRO – É possível para uma marca de luxo tornar-se mais acessível, sem perder sua alma?
HASLAUER – Essencialmente, uma marca de luxo deve fornecer luxo, mas isso não a impede de ampliar sua presença de mercado. O que elas não podem é abandonar a qualidade. A qualidade deve ser aprimorada ao mesmo tempo que a marca expande sua atuação.
DINHEIRO – Quais os planos da AR NY para o Brasil?
HASLAUER – Gostaríamos de colaborar com marcas brasileiras cuja meta seja capacitar-se para um crescimento global.
DINHEIRO – O foco aqui será as grifes de luxo?
HASLAUER – De forma alguma. Nosso foco não se limita a elas. Hoje a comunicação aspiracional é uma vertente importante na abordagem do consumidor de massa. Todos os consumidores independentemente do nível social reagem favoravelmente à qualidade, à clareza e à beleza.
DINHEIRO – O sr. poderia citar grifes de luxo 100% brasileiras?
HASLAUER – H.Stern, Daslu, Fasano e NK Store, Iguatemi, Itaú Personnalité e Embraer são marcas que chamam nossa atenção.