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DPPs como Ferramenta de Valor para a Moda no Brasil

  Transformar a obrigatoriedade em vantagem competitiva Embora muitos encarem o DPP como uma exigência regulatória para acesso ao mercado europeu, no Brasil essa tecnologia pode se tornar uma importante distinção de mercado. Marcas que adotarem os passaportes digitais de forma estratégica — seguindo práticas de transparência, rastreabilidade e circularidade — terão a chance de: Aumentar a confiança do consumidor , comunicando transparência total sobre origem, impacto ambiental e ciclo de vida dos produtos. Criar novos fluxos de receita por meio de programas de recompra, revenda ou serviços de manutenção vinculados ao histórico digital do produto. Ampliar valor percebido e engajar clientes , ao transformar cada produto em um canal contínuo de relacionamento e personalização. DPPs permitem que “o valor siga o produto” Com o passaporte digital, as marcas podem acompanhar o produto ao longo de seu ciclo — revenda, manutenção, descarte, e até reenvio à cadeia produtiva mu...

Hugo Boss costura uma saída

Mais uma vez, a grife alemã passa por reestruturação para recuperar mercado. Conseguirá?
Por Carolina Guerra - www.istoedinheiro.com.br edição 649 - estilo



Na cerimônia do Oscar, quando as celebridades elegantemente trajadas desfilavam pelo famoso tapete vermelho, a principal vitrine da moda mundial, já se sabia que uma grife ficaria de fora da festa: a alemã Hugo Boss. É que ninguém menos que Danny Glover, astro de Máquina Mortífera e ativista social, pediu a todos os membros da indústria cinematográfica que não usassem ternos da grife no evento.

O motivo do ataque tem origem, acredite, em um protecionismo de mercado. A empresa alemã pretende fechar a fábrica que mantém em Ohio, nos EUA, e transferir a produção das peças para locais onde a mão de obra é mais barata, como a Turquia. Isso está gerando uma série de protestos por parte da mídia e dos 375 trabalhadores que perderão o emprego.

E essa é apenas mais uma reação dentre outras que poderão vir. Com um faturamento anual de 1,5 bilhão de euros e uma queda de 7% nas vendas em relação ao ano passado, a Hugo Boss quer crescer com a abertura de lojas próprias e tornar seu modelo de negócio mais parecido com o da rival, Zegna. Essa não é a única mudança em curso.

A partir do ano que vem, a marca pretende abrir de 50 a 60 lojas por ano, a maioria delas na China e nas Américas. No Brasil, onde já enfrentou problemas com franquias e distribuição, a ideia é crescer lentamente. Hoje são quatro lojas e o objetivo é abrir duas novas por ano. “Tivemos um ano bom no Brasil. As vendas cresceram 50% e ainda queremos crescer mais de 100% em cinco anos”, diz o alemão Gerrit Rützel, diretor da Hugo Boss para a América Latina.

A Hugo Boss, conhecida por seus ternos de corte impecável, se encontra em um dilema. Enquanto sua principal rival, a italiana Ermenegildo Zegna, já concentra 88% de seu negócio fora da Europa, sendo 40% em mercados emergentes, a Hugo Boss ainda tem suas vendas focadas na Europa. Mais de 60% do seu faturamento vem do Velho Mundo.


Estratégia: a ideia dos executivos que trabalham na matriz (foto maior), na Alemanha, é concentrar a expansão da grife em países da Ásia e das Américas, com a abertura de mais lojas próprias



O problema é que, com um desemprego que tende a aumentar, além de um mercado sem muitas possibilidades de crescimento, a grife corre o risco de perder mercado frente aos seus competidores. Para sair dessa situação, a empresa fechou lojas que não correspondiam às expectativas, renegociou contratos com fornecedores e quer reposicionar a marca. Exemplo disso é a recente contratação do ator americano Ryan Reynolds para ser a cara das fragrâncias masculinas da Hugo Boss.

“A Zegna acabou abocanhando muito da participação que deveria ser da Hugo Boss. Seu desafio é reconquistar a aura de luxo que tinha no passado”, aponta José Roberto Martins, da Global Brands, consultoria especializada em gestão de marcas. Para o Brasil, a estratégia é gerar um crescimento sólido e cauteloso.

Os planos da marca incluem trazer a linha feminina, além de abrir duas lojas, em São Paulo e Brasília, neste ano, e outras duas em 2011. A grife, que já chegou a ter mais de 20 lojas no Brasil, passou por uma reestruturação nos últimos anos. “Quando chegamos, deveríamos ter sido mais cuidadosos ao selecionar os parceiros.

A maioria dos que comercializavam a Hugo Boss não tinha cuidado com a marca e por isso decidimos tomar o controle”, afirma Rützel, diretor da América Latina. Um dos maiores problemas é que quando a grife foi fundada no Brasil, há cerca de 20 anos, o mercado era fechado para exportações. A solução foi abrir uma produção local. Aconteceu, porém, que os produtos nacionais tinham qualidade inferior aos do mercado externo. “O Brasil era uma exceção e agora está no mesmo caminho das outras filiais do mundo”, diz Rützel.

A questão é se há tempo para recuperar o tempo perdido. Enquanto a Hugo Boss enfrentava problemas, outras marcas masculinas como a Zegna e a Armani cresceram no Brasil. “Ao abrir muitas franquias no passado, a grife perdeu a exclusividade. A solução é reconquistar gradativamente os clientes premium”, aponta Andréia Miron, professora do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina. Outras marcas já conseguiram esse feito.

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