Economia

O Primeiro Ministro do Luxo - A Holding LVMH, dona da Louis Vuitton, negocia com Tony Balir ex-prêmie do Reino Unido, para que ele se torne conselheiro do grupo.

Em 1997, após 18 anos de sucessivos governos conservadores no Reino Unido, o jovem político Tony Blair, no Comando do Partido Trabalhista, assumiu o poder com um discurso de reforma do Estado visando ao bem-estar social. Passada mais de uma década e longe do poder, Blair, ao que parece, mudou seu foco: até o final do ano ele deve trabalhar na indústria do luxo. O grupo LVMH, dono da Louis Vuitton e da Givenchy, entre outras 50 grifes, está negociando a contratação do ex-primeiro-ministro. O LVMH, cujo faturamento é de 17 bilhões de euros, pretende , pretende ter Blair como assessor para facilitar a expansão do grupo em países emergentes. A notícia caiu como uma bomba. Para os conservadores britânicos, Blair está se aproveitando dos contatos feitos na época em que era premiê do Reino Unido. “Se um ministro sabe que manter uma amizade com alguém enquanto está no cargo pode beneficiá-lo em sua saída, ele está comprometendo o governo.”, disse Norman Lamb, porta-voz do Partido Libera ao jornal Daily Telegraph, referindo-se á amizade de Blair com Bernard Arnault, dono do grupo. Procurados, nem Blair nem a LVMH se pronunciaram.

Não é a primeira vez que o LVMH se associa a um político. Em 2007, Mikhail Gorbatchev, ex comandante da ex URSS, estrelou uma campanha da Louis Vuitton. No caso de Blair, outras empresas perceberam o potencial de sua influência. O ex ministro é consultor do JP Morgan Chase, onde ganha 2 milhões de libras ao ano, e do Zurich Financial, onde recebe 550 mil euros ao ano. Sua renda ainda é complementada com 82 mil dólares por palestra proferida. “Blair transita bem em diversos países. E a Louis Vuitton é uma marca mundial. Ambos ganham com a associação”, aponta Marcos Hiller, coordenador do MBA Branding da Trevisan. Nem sempre foi assim. Quando Blair deixou o governo, em 2007, estava no auge da impopularidade. Ele levou a Inglaterra a duas guerras, uma no Afeganistão e outra no Iraque, ao lado de George W. Bush.

Sua imagem de bom moço, porém, resistiu. “ Após o auge, é normal que os líderes tenham outras atividades. Mas a maioria não se envolve com empresas privadas”, explica Leonardo Barreto, cientista político da Universidade de Brasília.

Fonte: Isto é Dinheiro de 20 Jan 2010