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Destaques

DPPs como Ferramenta de Valor para a Moda no Brasil

  Transformar a obrigatoriedade em vantagem competitiva Embora muitos encarem o DPP como uma exigência regulatória para acesso ao mercado europeu, no Brasil essa tecnologia pode se tornar uma importante distinção de mercado. Marcas que adotarem os passaportes digitais de forma estratégica — seguindo práticas de transparência, rastreabilidade e circularidade — terão a chance de: Aumentar a confiança do consumidor , comunicando transparência total sobre origem, impacto ambiental e ciclo de vida dos produtos. Criar novos fluxos de receita por meio de programas de recompra, revenda ou serviços de manutenção vinculados ao histórico digital do produto. Ampliar valor percebido e engajar clientes , ao transformar cada produto em um canal contínuo de relacionamento e personalização. DPPs permitem que “o valor siga o produto” Com o passaporte digital, as marcas podem acompanhar o produto ao longo de seu ciclo — revenda, manutenção, descarte, e até reenvio à cadeia produtiva mu...

O Desafio da Sustentabilidade no Fast Fashion e a Transformação da Moda na União Europeia e no Brasil

A indústria de moda tem enfrentado grandes desafios para se adequar a um modelo mais sustentável e circular, especialmente com a crescente pressão para reduzir o impacto ambiental do fast fashion. Na União Europeia, regulamentações rigorosas estão moldando um novo cenário, onde marcas são incentivadas a adotar práticas de reciclagem, reparo e reutilização. Mas como essas iniciativas poderiam ser adaptadas ao contexto brasileiro? A seguir, exploramos exemplos de marcas europeias que lideram essa mudança e discutimos como o Brasil poderia adotar práticas semelhantes para um setor de moda mais sustentável.

A Realidade do Desperdício Têxtil

Na União Europeia, a geração de resíduos têxteis ultrapassa 6,9 milhões de toneladas anuais, com grande parte desses materiais indo para aterros sanitários. Menos de 30% dos resíduos têxteis são reciclados, e a maior parte dos produtos descartados provém do setor de fast fashion, que lança coleções de baixa durabilidade e altíssimo volume . Diante desse cenário alarmante, a UE lançou a Estratégia para Têxteis Sustentáveis e Circulares, que exige que empresas de moda adotem medidas de sustentabilidade, durabilidade e transparência.

Medidas da UE: Responsabilidade Estendida do Produtor

Uma das principais iniciativas da UE para combater o desperdício têxtil é a Responsabilidade Estendida do Produtor (EPR), que exigirá que marcas de moda cuidem do ciclo de vida completo de seus produtos. A partir de 2025, empresas serão obrigadas a garantir que as roupas descartadas sejam recicladas e não enviadas para aterros ou exportadas de maneira inadequada . Essa abordagem é um divisor de águas para o setor, obrigando marcas a pensar em produtos que durem mais e possam ser reciclados com facilidade.

Exemplos de Marcas que Lideram a Transformação

Diversas marcas na Europa já estão implementando práticas sustentáveis que se alinham com essas novas regulamentações:

1. H&M: A marca sueca lançou programas de coleta de roupas em suas lojas, incentivando os clientes a devolverem peças usadas. Esses itens são processados e, sempre que possível, reciclados. A H&M também implementou etiquetas detalhadas que informam ao consumidor a origem e o impacto de cada peça, promovendo maior transparência e consciência no momento da compra.

2. Stella McCartney: Reconhecida por seu compromisso com a moda ética, a marca utiliza materiais reciclados e evita o uso de couro e peles. Com o novo passaporte digital da UE, que exige transparência sobre durabilidade e composição, Stella McCartney está na vanguarda de marcas que compartilham informações detalhadas sobre a sustentabilidade de suas coleções.

3. Patagonia: Com o programa Worn Wear, a marca promove a reparação de roupas e incentiva o consumo consciente. Esse programa oferece suporte aos clientes que desejam consertar peças antigas em vez de descartá-las, incentivando a cultura do reaproveitamento e aumentando a vida útil dos produtos.

Como Adaptar o Modelo Europeu para o Brasil?

O Brasil, como segundo maior mercado de moda da América Latina, enfrenta desafios próprios para implementar práticas sustentáveis. Contudo, com adaptações, iniciativas semelhantes poderiam beneficiar o país:

1. Programas de Coleta e Reciclagem Local: Inspirado no modelo da H&M, grandes redes brasileiras poderiam oferecer programas de coleta de roupas usadas em troca de descontos. Políticas de incentivo fiscal para empresas que promovam a reciclagem poderiam fortalecer a adesão a essas práticas, tornando o processo mais viável e acessível.

https://www2.hm.com/pt_pt/sustentabilidade-na-hm/our-work/close-the-loop.html

2. Passaportes Digitais e Transparência: A exigência de passaportes digitais, como na Europa, poderia beneficiar os consumidores brasileiros, oferecendo informações sobre durabilidade e materiais utilizados em cada peça. Essa transparência ajudaria a educar o público sobre o impacto ambiental das roupas, promovendo escolhas mais conscientes.

3. Fomento a Cooperativas Locais de Reparação: O Brasil poderia criar um programa de incentivo a pequenas oficinas e cooperativas que realizem reparos e manutenção de roupas. Ao promover uma cultura de reparo, as marcas brasileiras ajudariam a reduzir o descarte e a valorizar a durabilidade, ao mesmo tempo que impulsionariam a economia local.

4. Responsabilidade Estendida do Produtor (EPR) no Brasil: A implementação de uma política de EPR no Brasil exigiria que marcas assumissem a responsabilidade pelo descarte correto de suas peças. Essa regulamentação poderia ser especialmente eficaz para o setor de fast fashion, promovendo uma moda mais circular e reduzindo o desperdício têxtil.

Um Futuro Sustentável para a Moda no Brasil

A adaptação do modelo europeu para o Brasil exige uma colaboração entre marcas, governos e consumidores. Os exemplos da H&M, Stella McCartney e Patagonia demonstram que é possível transformar a moda em um setor mais sustentável e circular, e iniciativas semelhantes no Brasil poderiam não só beneficiar o meio ambiente, mas também fortalecer a identidade de moda brasileira no mercado global.

Implementar práticas sustentáveis não é apenas uma tendência passageira; é uma necessidade que se alinha com as expectativas de consumidores cada vez mais conscientes. A moda brasileira tem a oportunidade de adotar essas medidas e liderar a transformação para um futuro mais verde, onde moda e sustentabilidade andem lado a lado.

Leia mais sobre essa transformação e como as marcas podem se preparar para um mercado mais consciente no Moda e Business.

@rechaves

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